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8 de novembro de 2010

V E L H A C O


VELHACO é um adjetivo da língua portuguesa que se prende ao espanhol bellaco, de radical ignorado, segundo um dos maiores filólogos de todos os tempos, o alemão W. Meyer-Lübke, apud Nascentes, in Dicionário Etimológico da língua portuguesa, Volume I. Outros insignes filólogos, como Cortesão, Figueiredo, Diez, Adolfo Coelho e Franco de Sá dão como origem de VELHACO o latim VILIS, significando vil, mais sufixo ACA. João Ribeiro, in FRASES FEITAS, já ensinava que VELHACO nada tem a ver com VELHO, não é derivado, pois, desse adjetivo. Cita como exemplo o Canto XVI, Estrofe 75 de Viriato trágico:

Repara em que aos mais retos julgadores/ Chama de sanguinários e velhacos”.


E acrescenta: “O verdadeiro étimo de VELHACO é viliacus, de vilis, significando VIL”.

Assim, não deu para entender por que André Rizek bom e lúcido comentarista esportivo do programa “TROCA DE PASSES”, do SPORTV, da Rede Globo de Televisão, Canal 39 da SKY, que eu assino, e a ele assisto, principalmente quando o Fluminense vence seus jogos, utilizou esse adjetivo nos comentários da noite do dia 7 de novembro de 2010, para caracterizar o time do Corinthians, chamando-o de time VELHACO. Disse que não se tratava de nenhuma ofensa, nem que o time paulista era composto por jogadores velhos. Bem, não entendi o epíteto dado ao sério concorrente ao título desse ano de 2010. Se o ilustre comentarista quis dizer que VELHACO poderia significar uma boa qualidade enganou-se completamente. Se consultasse o dicionário de Antônio Houaiss veria que em todas as acepções desse adjetivo há um SEMA ligado ao campo semântico daquilo que é ordinário, que não presta. Fiquei sem entender e com a impressão de que foi uma precipitação do rapaz, tentando criar uma novidade linguística, talvez! Bem, se os meus leitores quiserem anotar, creio que expliquei o étimo de VELHACO. Muitos comentaristas do futebol adoram acrescentar UM ALGO MAIS aos comentários que fazem nos programas esportivos de rádio e de televisão, contudo, às vezes, ou quase sempre, metem os pés pelas mãos. Creio que o cesteiro não deve ir além do cesto.


ATÉ A PROXIMA.
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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.