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25 de novembro de 2008

CHOREM POR SANTA CATARINA

A tragédia climatológica que se abateu sobre o Estado de Santa Catarina foi muito cruel em todos os sentidos. Ceifou vidas sem a menor chance de defesa, pois os desabamentos de casas e barrancos ocorreram sem nenhum aviso prévio. Além disso, as águas dos rios sobem assustadoramente em questão de minutos. Nada pode suprir a dor da perde de seres humanos, muitas vezes pobres e já castigados, na seca, pelas vicissitudes da vida.

A dor é muito grande quando se perde um ente querido em tragédias desse tipo, sem nenhuma explicação, a não ser a incompreensível atuação das forças da natureza. Todos ficamos à mercê da solidariedade. Mas, há os que se aproveitam do horror dessas situações para saquear, furtar e, até mesmo, se aproveitar da premente necessidade dos flagelados, aumentando os preços de materiais indispensáveis à sobrevivência, como água, pão e outros víveres de primeira necessidade. Momentaneamente compreende-se que haja falta de alguma coisa como combustível, medicamentos, comida etc. Mas será que as autoridades estão preparadas para executar esses reparos? Reparo de pontes, gasodutos, oleodutos, reservatórios de água, silos e de muitas outras obras de arte que regulam a vida social. O Estado nunca está preparado para atuar na desocupação dessas áreas atingidas. Parece que sempre existe uma explicação na ponta da língua dos homens públicos entrevistados. As instituições não estão preparadas para evacuar campos alagados ou regiões que se desmoronam pela força das águas das enchentes, proporcionadas por chuvas atípicas, em épocas atípicas e em locais atípicos. Isso também é muito difícil, pois, por aqui, a natureza foi muito impiedosa e o desastre aconteceu em tom de calamidade. O rompimento e a explosão do gasoduto que vem da Bolívia, para alimentar o sul de Brasil e que passa pela BR 470, em Santa Catarina, ocorrido no dia 22 de novembro pelas chuvas torrenciais que desabaram nesse Estado, ainda não foi reparado, após mais de 48 horas, deixando as indústrias e os usuários do GNV desta e das demais regiões totalmente inoperantes. Decididamente o Brasil não está preparado para nenhum tipo de tragédia dessa magnitude nem para eventuais conflitos interno e externo. Uma tristeza! Não há uma política de mobilização nem desmobilização. Não há planos para provimentos nem para alternativas de prevenção. Não existem políticas de educação ambiental satisfatórias.
Deixa-se construir em qualquer lugar, em qualquer barranco, em qualquer margem de rio... Não se tem notícias de nenhuma estratégia de deslocamento, por exemplo, de viaturas, de uma região para outra, quando as principais vias de acesso são obstruídas. As nossas estradas, sempre em péssimo estado de conservação, são facilmente interrompidas com qualquer chuva miúda. Imaginem com esse verdadeiro dilúvio que desabou sobre nossas cabeças! Louva-se, é verdade, o esforço, o denodo e a solidariedade dos bons brasileiros, de toda essa corajosa gente catarinense, das prefeituras e da Defesa Civil, mas um desastre desse porte como esse, agora presenciado em Santa Catarina, serve, sem dúvida alguma, para, além de nos comover ao extremo, nos alertar da fragilidade operacional que existe no país, tanto quanto ao impedimento de circulação da população civil e principalmente quanto ao aspecto da segurança nacional.
ATÉ A PRÓXIMA

17 de novembro de 2008

A FAMA E AS DROGAS



Perguntaram-me se eu tinha pena dos artistas de televisão que se drogam, como é o caso de Fábio Assunção. É claro que se deve ter pena dessas pessoas, mas isso não é conflitante com o meu pensamento a respeito do consumo de drogas pesadas por parte de celebridades, atores, atrizes e gente de posses e de “status” social elevado. São esses consumidores que alimentam o crime organizado e a bandidagem das nossas grandes cidades, agora se deslocando para o interior pacato do território brasileiro. É claro que a descriminalização do usuário de drogas teve, filosoficamente, uma intenção, mas foi um desastre na prática. Não sejamos hipócritas de não reconhecer que a classe alta de nossa sociedade alimenta esses bandidos dos entorpecentes, buscando o pó nas favelas e até recebendo os papelotes em domicílio, com hora marcada e tudo. Por outro lado, surgem sempre na mídia matérias jornalísticas sobre atores de novelas que se deterioram moralmente no consumo da cocaína, trazendo para os fãs e para os aficionados da dramaturgia uma comoção incontida e uma peninha generalizada. Tenho a impressão de que o mal foi deixar de penalizar o usuário. Essa decisão talvez tenha sido tomada mais para aliviar o ambiente privado dos poderosos do que, propriamente, por convicção a teorias jurídicas e científicas. O viciado também é responsável pela morte do inocente, por bala perdida, no conflito – guerra mesmo – entre bandidos na favela. Considero, da mesma forma, os dirigentes públicos de uma cidade responsáveis pelos crimes de morte, porque nada fazem de concreto para impedi-los e são alertados do perigo iminente que essas batalhas urbanas levam à população, deixando todos os cidadãos à mercê de sua sorte e de suas orações, aumentando a estatística de óbito na sangrenta disputa do ilícito, um milionário negócio. Se os tiros e disparos a esmo representam a forma mais visível de carnificina urbana, a descriminalização do usuário dependente de drogas pesadas materializa, em primeira instância, a hedionda forma incruenta da chacina.
Até a Próxima

7 de novembro de 2008

CORRIDA DE BARATINHA II

Millôr Fernandes, o mais culto e inteligente jornalista (e muitas outras coisas boas a mais) brasileiro em atuação, escreveu essa verdade cristalina (ver embaixo AUTOMOBILISMO), carregada da mais pura verdade, repleta de octanagens, comentando esse tal de esporte chamado de Fórmula 1. Esporte? Que nada! Há alguns anos, publiquei no jornal português da cidade do Porto, O PROGRESSO DA FOZ, uma crônica intitulada CORRIDA DE BARATINHA. Fiquei esperando que algum dos 100 leitores brasileiros (havia 100 brasileiros assinantes daquele mensário aqui no Brasil) dissessem alguma coisa sobre o assunto, apoiando-o ou renegando-o. Que nada! Ou não leram ou deixaram pra lá. É o preço que se paga por não ter estilo... Agora, vibrei com esse texto do Millôr. Bravos! É isso mesmo! Essa tal de Fórmula 1 pode ser uma atividade de pesquisa que procura principalmente o desenvolvimento de tecnologias aplicadas à indústria automobilística ou qualquer coisa parecida, mas esporte não é. Que esporte é esse em que o técnico manda um atleta fingir que perde e outro fingir que ganhou? Millôr foi fundo e disse tudo. Na época, eu fiquei indignado, porque quem deveria pisar no acelerador, pisou na bola...



Vou republicar meu texto de novembro de 2004.



CORRIDA DE BARATINHA


Eu sempre disse que Fórmula 1 não é esporte. É uma atividade de pesquisa que procura principalmente o desenvolvimento de tecnologias aplicadas à indústria automobilística. É uma atividade de aceleração social, mas, não é esporte. Para tanto, precisa de recursos e altos investimentos. Necessita, ainda, de um grande número de pessoas e instituições que lhe proporcionem a divulgação de suas atividades, entre tantas outras coisas. A Fórmula 1 surgiu da prática automobilística das corridas de baratinhas (os carros pareciam charutos com grandes rodas, lembrando baratas, daí a metáfora), como acontecia no passado, há uns cinqüenta anos, mais ou menos. Naquela ocasião, a lisura empolgava o público em eventos emocionantes. Eram outros tempos... Até vidas heróicas eram ceifadas em nome da aventura e do entusiasmo. Tudo dignificava a disputa, envolvendo o vencedor nos louros da lídima e incontestada vitória.

A fórmula 1 evoluiu e conseguiu que multidões de aficionados consumissem seus produtos promocionais, comprando bilhetes para as corridas e muito mais, criando um marketing que funciona e propaga seus espetáculos com grande sucesso. A tecnologia desenvolvimentista, travestida de competição esportiva conseguiu, durante muito tempo, enganar a todos. Mas no domingo 12 de maio de 2002, na Áustria, a máscara caiu. A tal Equipe da Ferrari mandou que Rubinho não mais pisasse no acelerador e, assim, ambos pisaram na bola. Agora, não me venham dizer que Rubinho teria que desobedecer a ordem da chefia. Que ele deveria se insurgir contra um absurdo desse tamanho. Que nada! E seu contrato? E sua conta bancária? Como tudo isso ficaria? Outros dizem que a Fórmula 1 é um esporte individual e não coletivo, portanto Rubinho foi violentado em seu comportamento, em sua forma de conduzir a máquina e a corrida. Meus amigos, como diria João Saldanha, Fórmula 1 não é esporte individual, nem coletivo, porque não é esporte. É experiência. Pesquisa tecnológica aplicada, como já dissemos. Imaginem que, se num campeonato estadual de futebol, aqui no Rio de Janeiro, houvesse, na mesma disputa, um time principal do Flamengo e outro de aspirantes, como se dizia antigamente e, da mesma forma, dois Vascos, dois Fluminenses, dois Botafogos e muito mais. Isso não funcionaria. Não seria competição esportiva; não seria nada.

João Saldanha estava mesmo certo! Ele jamais considerou a Fórmula 1 como esporte, mesmo nos tempos áureos de Nelson Piquet e Ayrton Senna. Uniforme de atleta com bordados de marcas multicoloridas e grifes diversas com vários patrocinadores não pode inspirar seriedade e a competição fica comprometida. Estava certíssimo o saudoso jornalista brasileiro, o realmente técnico. Michael Schumacher e Rubens Barriquello também foram iludidos, pensando que estavam numa equipe promotora de atividades esportivas. Seus contratos – e isso foi dito pelo próprio Rubinho – apresentam termos, pelo menos, contra tudo que se refere à ética esportiva... Deixar um colega de equipe ultrapassá-lo é o mesmo que entregar o jogo no dizer do jargão do futebol, para que outro time possa se tornar campeão. Não. Fórmula 1 não é esporte e não pode ser mais considerada competição séria nessa área. Algo para valer! Mas foi apresentada ao mundo como tal e, por isso, sofre hoje a repreensão de toda a crítica especializada, inclusive dos próprios torcedores da Ferrari.

O mal que esse episódio representou para todos os amantes do automobilismo puro como o de muitos anos atrás, mesmo para os torcedores da Ferrari, para os fãs de Schumacher, de Barriquello e de todos os azes do volante do mundo inteiro, de hoje e de ontem, foi incomensurável, porque abalou os alicerces daquilo que o verdadeiro esporte tem de mais significativo. E vejam que são coisas muito importante como a pureza, a honestidade e a competitividade, acima do bem e do mal. Mas tudo ficou abaixo da mediocridade, sobretudo com a decisão indecente dos dirigentes de uma Scuderie, ávida pelo sucesso a qualquer preço, perseguindo a vitória, às custas da dignidade que deveria envolver qualquer competição esportiva. Fórmula 1 não é, e nuca foi esporte. E as corrida de baratinhas?... Ah! Isso era outra coisa!

Agora, o texto impecável de Millôr Fernandes















Automobilismo


Como a humanidade é feita de patetas – exceto nós dois – babando diante de corrida de automóveis, foi fácil transformar um antigo e emocionante esporte numa papagaiada circense – circo vulgar e mercenário, pura máquina de fazer, e/ou lavar, dinheiro. O escândalo diante da constatação pública dos dois neurônios de Barrichello – e não muitos mais de Schumacher – só fez mostrar quantos tem o cara que vai pra arquibancada ver um zum-zum-zum que passa na sua frente, dentro do qual, o convenceram, vai o Schumacher ou ia o Senna.No auge do endeusamento do Senna eu dizia pros meus amigos, homens-feitos, pais de família!: "Que p... é essa? Vocês nunca viram o Senna correr. Viram Senna no boxe, ou Senna dentro do carro, quer dizer, um pedaço de capacete visto por trás, que pode ser de qualquer um. Isso na tevê. Ao vivo vêem apenas bólidos de brinquedo passando, enquanto, numa tela, numerinhos eletrônicos dizem que o herói João está um milésimo de segundo na frente do herói Joaquim. Vibração!". Mas houve um tempo. Me lembro de ir de automóvel – as estradas não eram como as de hoje, enfrentá-las, isso sim, era uma aventura – até São Paulo, nos primórdios de Interlagos, pra ver uma corrida ainda emocionante. Porque emocionante mesmo era, muito antes disso, a corrida da Niemeyer, com toda a razão chamada Trampolim do Diabo.Era o espetáculo. Você via passar, na sua frente, cara a cara, através dos anos, um Irineu Correia, um barão de Tefé, um Pintacuda, um Chico Landi. Em pessoa, não eletrônicos, e, vocês não vão acreditar, sem patrocinador.E você estava ali, junto, ocasionalmente protegido por meia dúzia de sacos de areia. Você também arriscava a vida. Espectador radical.No canal do Leblon, de repente, um carro explodia, voava – quem foi, Irineu Correia? – pruma fotografia impressionante que saía em página inteira no Diário da Noite, um jornal verde que tinha sete edições diárias. Radical, como esporte – e como jornalismo –, é isso aí, ô meus! Agora até a emoção dos acidentes é forjada – o herói vale muito dinheiro.
Na maior parte das derrapagens ou batidas não morre, nem mesmo se fere, ninguém. A proteção ao corredor é quase perfeita. No acidente com Piquet ele quase perdeu os pés porque essa parte do corpo é praticamente impossível de ser protegida. E o acidente com Senna foi... um acidente. Um pneu que sobe e cai sobre a cabeça do piloto. Não vai se repetir.Hoje morar em Viracopos, debaixo da ponte aérea, é mais radical do que pilotar uma Ferrari. E uma disputa de skate também é muito mais perigosa, portanto mais emocionante, do que qualquer Fórmula 1. Esteticamente, então, nem se fala.E skate você também vê com os próprios olhos, não precisa de eletrônica pra dizer quem foi o melhor. Nem precisa ler o contrato.



ATÉ A PRÓXIMA





1 de novembro de 2008

DIA NACIONAL DA LÍNGUA PORTUGUESA



DIA 5 DE NOVEMBRO

Lei Nº 11.310, de 12 de junho de 2006




Olavo Bilac










LÍNGUA PORTUGUESA

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre cascalhos vela,

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura !

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo !
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”,
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

OLAVO BILAC
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Conheçam um pouco mais a história da nossa língua. Um SITE interessante é:
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ATÉ A PRÓXIMA
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Quem sou eu

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.