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9 de janeiro de 2008

A POESIA DE IRENÊU VOIGTLAENDER











Há muito tempo que não estou com o professor Irenêu Voigtlaender, amigo de Pomerode e catarinense curtido no vale do rio Testo de sua infância transfigurada em versos memorialistas de alta qualidade. Irenêu já foi Secretário de Cultura e de Educação de Pomerode e tem uma atividade literária interessante.
A sua produção poética é significativa, considerando-se o distanciamento das editoras que publicaram seus livros, Pássaros em revoada e Céu de cristal, dos maiores centros editoriais do país, isto é, Rio de Janeiro e São Paulo. Este fato é um significativo indicador do valor de sua obra.
Pássaros em revoada é um conjunto de poemas que temperam os temas regionais com os universais, os grafemas góticos com a terra pomerana. O lirismo de seus versos passa pelo concretismo estruturador das formas poéticas e também pela nostalgia velada, sensual e intimista de quatro "Tempoemas". Em sete poemas (Poemáticas), o olhar criativo do poeta, por metavisão, recria a história nunca antes contada de ícones, gravuras, desenhos, paisagens, detalhes de fotos, esculturas e xilogravuras. O olhar vê a alma da coisa e dos seres e a transfigura em “poemáticas”. O trabalho gráfico de inversões de negativo e positivo nos fotolitos de algumas páginas, como em “espetáculo de uma noite virgem” e “Pomeríade”, são recursos visuais que mostram fundo e forma integrados no fazer lírico e na construção e desconstrução poéticas. Finalmente, o Leitmotiv, condutor da lírica de seus versos está impregnado com quela simbiose germano-brasileira de que falou Sílvio Elia, quando estudou as línguas faladas em Pomerode, e é isso que prende o leitor ao prazer que o texto exala e faz refletir. Aliás, Irenêu Voigtlaender teoriza o poético, numa espécie de posfácio, quando apresenta “As Variantes do Poema e seus Propósitos” e nos diz que “para cultivarmos uma flor não precisamos de um jardim e sim de um solo fértil” ...
Céu de cristal (poesia em quatro tempos) tem um tom nostálgico-memorialista. Parece conter a metáfora da terra que o rio Testo significou na vida do poeta, iniciando a linha memorialista, condutora de sua temática convertida em poesia. Os termos neológicos que marcam algumas formas de poemas, na obra poética de Irenêu Voigtlaender, são de três tipos: Tempoemas, Poemáticas e, no livro em questão, Poemografias, que são textos interpretativos e recriativos de realidades idealizadas por um figurativismo artístico, sempre com desdobramento do tipo tema-puxa-tema. O estilo poético de Irenêu alterna o ritmo aliterativo clássico com uma fonopoética expressiva, cujo formalismo gráfico ajuda interiorizar os temas propostos. Um exemplo claro está na repetição enfática do fonema linguodental /d/, iniciando vocábulos isolados, que, em colunas, estruturam o poema Exercício 1. E o ritmo aliterativo responsabiliza-se pelo tom de musicalidade que envolve a maioria dos poemas de Céu de cristal, que se apresenta mais intensamente nos poemas "Linhas convergentes", "Exercício 3", "Opus 1", "Estrutura 2", "Janela surpresa", "Promessa" e "Lavra feminina". A poesia de Irenêu Voigtlaender consubstancia-se em versos e sonetos modernos de esquemas rítmicos diversos. Assim: versos longos; reflexões filosóficas que vão, aos poucos, tomando o lugar do memorialismo sentido; alguns noturnos; sensualismo lírico; jogos lúdico-semânticos; a busca constante das origens; incursão à temática de inspiração social e histórico-social, surgindo aí o intertexto de que nos fala Roland Barthes. O ecológico e a prosa poética presentificam-se em alguns pares de poemas. Por fim, o poeta passa seu olhar crítico sobre a sociedade de consumo e mostra o dia-a-dia da vida moderna, em "Luxo lixo". O consumismo invadiu também a sua sossegada e mimosa Pomerode. A prosa poética de Irenêu Voigtlaender, contida nos três livros já publicados, exprime gritos distantes do homem que sente suas origens e também a alma de seu povo, deixando a sensibilidade brotar de dentro de seu ser, para transfigurar o fazer poético.
É importante conhecer esse poeta.
Até a próxima

8 de janeiro de 2008

DE VOLTA A BALNEÁRIO



Cheguei a Balneário Camboriú. Desci das serras Catarinense e Gaúcha para o litoral, suando em bicas. Ufa! O calor está mesmo para nenhum banhista botar defeito. A cidade está lotada e os argentinos chegaram, mas estão gastando pouco. Uma observação: estão mais bem educados. Parece que "los hermanos" abaixaram a crista e calçaram as sandálias da humildade, pois não andam mais pelas ruas com aquela empáfia de sul-americanos que pensam que são europeus e falam um dialeto da Langue d’Oc. Invadiram Florianópolis e deram preferência às águas turmalinas com areia branca de Canasvieiras. Agora, se você pensa em transitar por Floripa à vontade, está completamente engarrafado, quer dizer, enganado! O trânsito está um horror. Bem, pelas bandas de Balneário Camboriú a coisa está um pouquinho melhor. É claro que o trânsito não flui como gostaríamos, mas o departamento de engenharia da prefeitura até que deu uma ajeitada, abrindo novas vias de acesso ao centro e a diversos bairros, desafogando as críticas avenidas Brasil e do Estado. Nesse ano haverá mudanças políticas por aqui, pois os postulantes à Prefeitura já estão confabulando nos bares, nas esquinas, nos escritórios, nas empresas, nos corredores, nos ouvidos da gente e, principalmente, procurando uma fórmula segura para chegarem à chefia do Executivo. São muitos políticos: daqui e de fora; com nomes estranhos e com apelidos; com preparo e sem preparo; com razoáveis e até boas intenções, mas todos com o bolso cheio de muito dinheiro, pois uma campanha para a Prefeitura de Balneário Camboriú não sai por menos de uns seis ou sete milhões de reais.
O importante é que já estou de novo por aqui, observando as coisas do Sul, da Bola e das Letras. Opinem, dando seu voto, expressando a sua preferência pelos assuntos que trato nesse SITE.
Até breve.

3 de janeiro de 2008

DE NOVO EM GRAMADO



Minha gente!Estou de novo em Gramado. Depois do Réveillon em Lages, vim passar uma semana aqui em Gramado. Rever os amigos e estar nesta terra belíssima é um regalo para a vista e um refrigério para a alma. Creio que estou ficando sentimental demais! Mas é isso mesmo. Esta terra é muito bonita. E onde fico por aqui? Claro, no Hotel do SESC. A todos que acessarem meu BLOG, desejo um feliz Ano Novo. E ao pessoal lá do Hotel do SESC, ao Natalino, ao Osório, agora papai rindo à toa, aquele abraço fraterno. Em breve estarei novamente em Balmeário Camboriú, comentando as coisas do Sul, da Bola e das Letras.

Até breve!
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Quem sou eu

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.