ATÉ A PRÓXIMA
Quantos me visitaram ?
22 de dezembro de 2008
AINDA MACHADO E CAPITU
ATÉ A PRÓXIMA
19 de dezembro de 2008
BICICLETAS EM LAGES
17 de dezembro de 2008
UM EQUÍVOCO MACHADIANO
2 de dezembro de 2008
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS
Vamos tentar, agora, brevemente, explicar uma dessas expressões que chamei idiomática, citada acima e que se encontra no meu livro BALANÇANDO O VÉU DA NOIVA, retirada do riquíssimo universo morfológico da linguagem especial do futebol.
ATÉ A PROXIMA
25 de novembro de 2008
CHOREM POR SANTA CATARINA
A dor é muito grande quando se perde um ente querido em tragédias desse tipo, sem nenhuma explicação, a não ser a incompreensível atuação das forças da natureza. Todos ficamos à mercê da solidariedade. Mas, há os que se aproveitam do horror dessas situações para saquear, furtar e, até mesmo, se aproveitar da premente necessidade dos flagelados, aumentando os preços de materiais indispensáveis à sobrevivência, como água, pão e outros víveres de primeira necessidade. Momentaneamente compreende-se que haja falta de alguma coisa como combustível, medicamentos, comida etc. Mas será que as autoridades estão preparadas para executar esses reparos? Reparo de pontes, gasodutos, oleodutos, reservatórios de água, silos e de muitas outras obras de arte que regulam a vida social. O Estado nunca está preparado para atuar na desocupação dessas áreas atingidas. Parece que sempre existe uma explicação na ponta da língua dos homens públicos entrevistados. As instituições não estão preparadas para evacuar campos alagados ou regiões que se desmoronam pela força das águas das enchentes, proporcionadas por chuvas atípicas, em épocas atípicas e em locais atípicos. Isso também é muito difícil, pois, por aqui, a natureza foi muito impiedosa e o desastre aconteceu em tom de calamidade. O rompimento e a explosão do gasoduto que vem da Bolívia, para alimentar o sul de Brasil e que passa pela BR 470, em Santa Catarina, ocorrido no dia 22 de novembro pelas chuvas torrenciais que desabaram nesse Estado, ainda não foi reparado, após mais de 48 horas, deixando as indústrias e os usuários do GNV desta e das demais regiões totalmente inoperantes. Decididamente o Brasil não está preparado para nenhum tipo de tragédia dessa magnitude nem para eventuais conflitos interno e externo. Uma tristeza! Não há uma política de mobilização nem desmobilização. Não há planos para provimentos nem para alternativas de prevenção. Não existem políticas de educação ambiental satisfatórias.
17 de novembro de 2008
A FAMA E AS DROGAS
7 de novembro de 2008
CORRIDA DE BARATINHA II
CORRIDA DE BARATINHA
A fórmula 1 evoluiu e conseguiu que multidões de aficionados consumissem seus produtos promocionais, comprando bilhetes para as corridas e muito mais, criando um marketing que funciona e propaga seus espetáculos com grande sucesso. A tecnologia desenvolvimentista, travestida de competição esportiva conseguiu, durante muito tempo, enganar a todos. Mas no domingo 12 de maio de 2002, na Áustria, a máscara caiu. A tal Equipe da Ferrari mandou que Rubinho não mais pisasse no acelerador e, assim, ambos pisaram na bola. Agora, não me venham dizer que Rubinho teria que desobedecer a ordem da chefia. Que ele deveria se insurgir contra um absurdo desse tamanho. Que nada! E seu contrato? E sua conta bancária? Como tudo isso ficaria? Outros dizem que a Fórmula 1 é um esporte individual e não coletivo, portanto Rubinho foi violentado em seu comportamento, em sua forma de conduzir a máquina e a corrida. Meus amigos, como diria João Saldanha, Fórmula 1 não é esporte individual, nem coletivo, porque não é esporte. É experiência. Pesquisa tecnológica aplicada, como já dissemos. Imaginem que, se num campeonato estadual de futebol, aqui no Rio de Janeiro, houvesse, na mesma disputa, um time principal do Flamengo e outro de aspirantes, como se dizia antigamente e, da mesma forma, dois Vascos, dois Fluminenses, dois Botafogos e muito mais. Isso não funcionaria. Não seria competição esportiva; não seria nada.
João Saldanha estava mesmo certo! Ele jamais considerou a Fórmula 1 como esporte, mesmo nos tempos áureos de Nelson Piquet e Ayrton Senna. Uniforme de atleta com bordados de marcas multicoloridas e grifes diversas com vários patrocinadores não pode inspirar seriedade e a competição fica comprometida. Estava certíssimo o saudoso jornalista brasileiro, o realmente técnico. Michael Schumacher e Rubens Barriquello também foram iludidos, pensando que estavam numa equipe promotora de atividades esportivas. Seus contratos – e isso foi dito pelo próprio Rubinho – apresentam termos, pelo menos, contra tudo que se refere à ética esportiva... Deixar um colega de equipe ultrapassá-lo é o mesmo que entregar o jogo no dizer do jargão do futebol, para que outro time possa se tornar campeão. Não. Fórmula 1 não é esporte e não pode ser mais considerada competição séria nessa área. Algo para valer! Mas foi apresentada ao mundo como tal e, por isso, sofre hoje a repreensão de toda a crítica especializada, inclusive dos próprios torcedores da Ferrari.
O mal que esse episódio representou para todos os amantes do automobilismo puro como o de muitos anos atrás, mesmo para os torcedores da Ferrari, para os fãs de Schumacher, de Barriquello e de todos os azes do volante do mundo inteiro, de hoje e de ontem, foi incomensurável, porque abalou os alicerces daquilo que o verdadeiro esporte tem de mais significativo. E vejam que são coisas muito importante como a pureza, a honestidade e a competitividade, acima do bem e do mal. Mas tudo ficou abaixo da mediocridade, sobretudo com a decisão indecente dos dirigentes de uma Scuderie, ávida pelo sucesso a qualquer preço, perseguindo a vitória, às custas da dignidade que deveria envolver qualquer competição esportiva. Fórmula 1 não é, e nuca foi esporte. E as corrida de baratinhas?... Ah! Isso era outra coisa!
Como a humanidade é feita de patetas – exceto nós dois – babando diante de corrida de automóveis, foi fácil transformar um antigo e emocionante esporte numa papagaiada circense – circo vulgar e mercenário, pura máquina de fazer, e/ou lavar, dinheiro. O escândalo diante da constatação pública dos dois neurônios de Barrichello – e não muitos mais de Schumacher – só fez mostrar quantos tem o cara que vai pra arquibancada ver um zum-zum-zum que passa na sua frente, dentro do qual, o convenceram, vai o Schumacher ou ia o Senna.No auge do endeusamento do Senna eu dizia pros meus amigos, homens-feitos, pais de família!: "Que p... é essa? Vocês nunca viram o Senna correr. Viram Senna no boxe, ou Senna dentro do carro, quer dizer, um pedaço de capacete visto por trás, que pode ser de qualquer um. Isso na tevê. Ao vivo vêem apenas bólidos de brinquedo passando, enquanto, numa tela, numerinhos eletrônicos dizem que o herói João está um milésimo de segundo na frente do herói Joaquim. Vibração!". Mas houve um tempo. Me lembro de ir de automóvel – as estradas não eram como as de hoje, enfrentá-las, isso sim, era uma aventura – até São Paulo, nos primórdios de Interlagos, pra ver uma corrida ainda emocionante. Porque emocionante mesmo era, muito antes disso, a corrida da Niemeyer, com toda a razão chamada Trampolim do Diabo.Era o espetáculo. Você via passar, na sua frente, cara a cara, através dos anos, um Irineu Correia, um barão de Tefé, um Pintacuda, um Chico Landi. Em pessoa, não eletrônicos, e, vocês não vão acreditar, sem patrocinador.E você estava ali, junto, ocasionalmente protegido por meia dúzia de sacos de areia. Você também arriscava a vida. Espectador radical.No canal do Leblon, de repente, um carro explodia, voava – quem foi, Irineu Correia? – pruma fotografia impressionante que saía em página inteira no Diário da Noite, um jornal verde que tinha sete edições diárias. Radical, como esporte – e como jornalismo –, é isso aí, ô meus! Agora até a emoção dos acidentes é forjada – o herói vale muito dinheiro.
Na maior parte das derrapagens ou batidas não morre, nem mesmo se fere, ninguém. A proteção ao corredor é quase perfeita. No acidente com Piquet ele quase perdeu os pés porque essa parte do corpo é praticamente impossível de ser protegida. E o acidente com Senna foi... um acidente. Um pneu que sobe e cai sobre a cabeça do piloto. Não vai se repetir.Hoje morar em Viracopos, debaixo da ponte aérea, é mais radical do que pilotar uma Ferrari. E uma disputa de skate também é muito mais perigosa, portanto mais emocionante, do que qualquer Fórmula 1. Esteticamente, então, nem se fala.E skate você também vê com os próprios olhos, não precisa de eletrônica pra dizer quem foi o melhor. Nem precisa ler o contrato.
ATÉ A PRÓXIMA
1 de novembro de 2008
DIA NACIONAL DA LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre cascalhos vela,
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura !
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo !
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”,
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
29 de setembro de 2008
E N T R E V I S T A
FEIJÓ - A televisão passou por grandes transformações tecnológicas, desde seu surgimento no Brasil, na década de 50, até hoje. Não surgiu como meio de comunicação de massa, evidentemente, pois, para isso, seria necessária a difusão instantânea do que veiculava. Não estava implantada ainda a rede de receptores como entendemos hoje. Mas isso foi uma conquista do meio que veio para ficar e se impor como a mais espetacular forma de disseminação da informação. O jornalismo esportivo surgiu na televisão como conseqüência de sucessivas formas de informação sobre quase tudo que interessava à sociedade. E a sociedade a que a televisão estava pronta para servir era a sociedade de consumo. Assim, o jornalismo esportivo perseguiu, podemos dizer, pacientemente as conquistas tecnológicas, para que as suas muitas e diversificadas informações pudessem sair da fonte emissora até atingir o seu público-alvo. A atuação desse jornalismo estava nas transmissões dos espetáculos, nos campos de jogos, principalmente do futebol, mas também no interior dos estúdios, com muitas mensagens críticas, além de outras tantas informativas, também. As chamadas “externas” (saídas de equipes de filmagem) eram complicadas. Uma parafernália de técnica eletrônica e gigantescos caminhões transformados em verdadeiros estúdios ambulantes faziam desse tipo específico de jornalismo uma atividade muito cara, difícil de ser realizado, além de requerer especialização de todos os setores envolvidos em sua preparação, mesmo porque sua linguagem deveria ser eminentemente visual, vindo a linguagem verbal a reboque, é claro, tudo muito diferente dos outros tipos de jornalismo. O “video-tape” revolucionou o jornalismo esportivo. O croma-key, dentro dos estúdios, deu às transmissões nova dimensão sígnica, isto é, nova linguagem, mais dinâmico, pois, então, o narrador tinha ao fundo o desenrolar dos acontecimentos, na visão final do observador. Isso perdura até hoje. É claro que muitos outros recursos eletrônicos, efeitos de toda ordem, aliados a uma transmissão digital, afastando-se totalmente da analógica, das fitas jurássicas de duas polegadas e dos “video-tapes” de uma e meia polegadas dão, hoje, uma nova dimensão visual ao jornalismo esportivo da televisão, tornando-o dinâmico, atraente e gostoso de ver. Basicamente a linguagem do jornalismo esportivo mudou, porque mudaram os signos que a construíam.
2- Como definiria a linguagem usada pelo GLOBO ESPORTE para informar os telespectadores?
FEIJÓ – A linguagem usada pelo programa esportivo de curta duração GLOBO ESPORTE é a verbal e não-verbal. Já o apresentador tem ao fundo o logotipo do programa. Isso ocorre por efeito especial de slide ou croma-key, ou por outra forma qualquer de tecnologia televisiva. Já o dinamismo dos jogos está sempre presente e a direção não deixa de colori-lo com inúmeras vinhetas de bom gosto e expressivas, dando ao conjunto uma forma visual atraente. Portanto, o GLOBO ESPORTE utiliza-se da linguagem verbal e não-verbal. A linguagem verbal usada deverá ser redundante, como em qualquer mídia de massa, sem ser estropiada. Com termos e expressões da linguagem especial do futebol. O GLOBO REPÓRTE realiza isso muito bem. As vinhetas de entrada são sempre dinâmicas As de saída são, geralmente, estáticas. Isso tem um sentido subliminar que vai conotar “pique” jornalístico, dinamismo, credibilidade, bom gosto, verdade. Em última palavra: excelência. E a GLOBO persegue a excelência sempre em tudo que faz. Se consegue é outra coisa. Mas, quase sempre, atinge seus objetivos, sim. Quando os apresentadores do programa GLOBO ESPORTE são enquadrados (e isso está sempre acontecendo – ora um, ora outro) estão sempre alegres, sorrindo. Lê-se: felizes. Se eles estão felizes, o programa deverá agradar e os telespectadores alcançarão essa felicidade, pois SER FELIZ É SINTONIZAR O CANAL DA GLOBO... As tecnologias de efeito dão ao programa a modernidade necessária para o aumento constante de audiência. Os quadros específicos e todas as matérias são apresentados sempre audiovisualmente. O programa trabalha muito com imagens de arquivo, o que dá credibilidade à apresentação. Como a TV Globo tem recursos suficientes para investir cada vez mais no visual do programa, pode-se esperar, enquanto sua audiência estiver estável, algumas mudanças e ajustes, nunca substanciais. O final, geralmente apresenta um quadro estático (algumas vezes dinâmico), sobre o qual sobem os caracteres bem rapidamente, dando para se ter uma idéia dos créditos da produção e da direção.
3- O uso de linguagens verbais e não verbais tem que sentido em uma notícia?
FEIJÓ – Se a notícia for relacionada a um fato esportivo, cujo desenrolar se dirige para a prática do dinâmico esporte do futebol, é claro que os signos não-verbais, como as imagens e figuras estáticas relacionadas aos clubes deverão se destacar, mesclando a notícia com a informação lingüística, portanto verbal. Agora, se a notícia for eminentemente informação sobre fatos, isto é, se a notícia for factual, a verbalização será inevitável e predominará, sem dúvida alguma. É claro que a linguagem não-verbal deverá sempre ressaltar a credibilidade da informação dada pela linguagem verbal. Ela, a linguagem não-verbal, deve ser atraente, sintonizada com o tema e bem editada para não cansar e/ou desviar a atenção do receptor para outras informações.
4- As notícias devem ser coletadas para causar no telespectador mais emoção ou informação?
FEIJÓ – Em televisão, parece-me que a informação deve sempre ser acompanhada de alguma emoção. Aliás, é a emoção que sustenta a audiência. A mensagem que informa alguém de alguma coisa é o resultado do envio de algo a alguém, cujo conteúdo deverá ser codificado com elementos sígnicos pelo emissor para um receptor, através de um canal. Agora, notícia, em Comunicação Social, é o tratamento ideológico dessa mensagem, dessa informação. Esse tratamento ideológico é comum nos veículos de comunicação de massa. Lá, qualquer mensagem que apareça será apresentada como notícia, isto é, um tratamento ideológico da informação. Logo, não devemos confundir, nessa área, INFORMAÇÃO com NOTÍCIA. Tratar ideologicamente uma informação é explicitar a principal característica da ideologia que é a ocultação da verdade ou a dissimulação dessa verdade, com inúmeros propósitos ou fins. Assim, causar emoção é necessário para entorpecer, muitas vezes, a verdade.
5- O que há de positivo ou negativo nisso?
FEIJÓ – De positivo, pode-se dizer que lucra o meio físico que transporta a mensagem porque surgirá uma aceleração social em todos os sentidos. As tecnologias da ilusão vão atuar nas principais funções dos “mass-media” que são: divertir, informar, formar (opinião), prestar serviços (comunitários) e vender. De negativo, citaremos a saturação (do código), a redundância (da mensagem), a alienação (do receptor) e a acomodação (do emissor). O que menos sofre é o canal, meio físico por onde a mensagem escoa. Pode-se até argumentar que o canal ao se desgastar, também se beneficia, porque há-de se procurar sempre uma forma nova de atualização tecnológica. Por exemplo, as transmissões do sinal da televisão são feitas por ondas de outro tipo de freqüência das do rádio. São em freqüências moduladas.
6- Que importância tem a imagem nesse tipo de jornalismo?
FEIJÓ – Creio que já comentei a importância da imagem nos programas esportivos da televisão, mas é sempre interessante acrescentar que a imagem possui um grau de baixa saturação de informação, isto é, que a imagem já traz a mensagem bem redundante, pronta para o receptor entender. A imagem é um meio frio de comunicação, segundo Marshall McLuhan.
7- Acredita que a informação do esporte se torna um espetáculo? Por quê?
FEIJÓ – Sim, acredito e é verdade! Porque levar os acontecimentos esportivos que se desenrolam dentro de um campo de futebol, por exemplo, para receptores anônimos, sem rosto, mas que existem, constituindo-se em audiência, só é possível através de uma forma espetacular, também, de se retratar o espetáculo. E isso acontece por dois tipos de linguagem: a verbal, basicamente nas transmissões radiofônicas, com a linguagem especial dos locutores, comentaristas e repórteres e com a linguagem mista, verbal e não-verbal da televisão.
8- O GLOBO ESPORTE usa na maioria das vezes, termos e expressões da gíria que, no jornalismo de outros gêneros, não aparecem. A linguagem verbal lá se torna mais fácil e com expressões popularmente brasileiras. Por que motivos?
FEIJÓ – Bem, os termos de gíria podem aparecer em muitos gêneros de jornalismo. No jornalismo dedicado a Economia, por exemplo, você pode encontrar termos e expressões que são usados somente nessa área, como “Barreiras não-tarifárias”, “Bens de capital”, “Petróleo tipo Brent”, “Monopsônio”, “Efiemizar”, “Valor agregado”, etc. Já a linguagem especial do futebol é mais conhecida do povo porque é muito ouvida no rádio e na Tv e aparece nos jornais e revistas em todo o Brasil. Está disseminada pelos diversos meios de comunicação de massa e é entendida por quase todo mundo. Migrou, também, para outros esportes e para a gíria da língua comum como, por exemplo, a expressão “Pendurar as chuteiras” que passou da gíria do futebol para o basquete, onde os jogadores não usam esse tipo de calçado. Passou até para a política, etc.
9- Por que a linguagem do comunicador esportiva é tão diferenciada?
FEIJÓ – Porque ela tem de ser o mais expressiva possível. Quero dizer com isso que a linguagem do comunicador, locutores, comentaristas, repórteres, editores de jornais esportivos e muitos outros, está repleta de criações vocabulares, dentro da deriva morfológica da língua portuguesa, com o objetivo principal de, em primeiro lugar, falar a língua do povão, seu público-alvo, e, em segundo lugar, para criar um marketing barato, onde ele será, muitas vezes, marcado por criações vocabulares suas. Cito como exemplo os comunicadores Washington Rodrigues com seus arquibaldos e Sívio Luís com os termos inusitados como azulejou, azeitou, biombo, rodapé, carrapeta e expressões do tipo azedou o molho, pelas barbas do profeta, atrás do toco etc.
10- Esse padrão cotidiano que o programa televisivo mantém pode gerar o quê de negativo? O que pode ser feito para melhorar?
FEIJÓ – Qualquer mensagem massiva, simples ou complexa, pela exposição no canal – o meio físico que sustenta a mensagem – vai sofre uma entropia natural do processo. Vai perder aquilo que o sustenta: a imprevisibilidade. Como essa imprevisibilidade quase não existe mesmo nas mensagens redundantes que são geradas pelos mass-media, a tendência do padrão de qualquer programa de televisão é cansar, perder sua força de impacto. A solução é um tratamento de combate a essa entropia, pela mudança, através de estudos para que a renovação ocorra dentro dos moldes técnicos da correção proposta pela Teoria da Comunicação Social. E uma das melhores formas para isso se realizar é através de trabalhos como esse que vocês estão realizando, através de entrevistas com pessoas do ramo. Esse trabalho como conheço e realizo em minhas aulas se chama ANÁLISE DE CONTEÚDO. Tenho finalmente a recomendar a vocês um pequeno livrinho, publicado há muito tempo pela ELDORADO, Rio de Janeiro, em 1973, tradução de Álvaro Cabral, chamado COMUNICAÇÃO DE MASSA: ANÁLISE DE CONTEÚDO, de Albert Kientz, cujo título original em francês é POUR ANALYSER LE MEDIA – L’ANALYSE DE CONTENU. É muito bom, mas acho que está esgotado, há muitos anos....Uma pena! É isso aí, gente! Felicidades!
(Ex-professor de Linguagem Verbal e Não-verbal do Curso de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense - Níterói - Rio de Janeiro)
18 de setembro de 2008
O -B e o -V, do latim para o português
TRATAMENTO IDEOLÓGICO DA INFORMAÇÃO
O texto:
COMO NASCE UMA NOTÍCIA...
“Dois menininhos estavam saindo do Morumbi quando um deles foi atacado porum Rottweiler feroz. O outro menino imediatamente pegou um pedaço de pau e deu na cabeça docachorro, fazendo com que o cão caísse morto e o amiguinho ficasse apenas com alguns arranhões. Ao ver a cena, um repórter que passava correu para ser o primeiro a cobrira fantástica história. Pensou em voz alta:
- Já estou até vendo a manchete: 'Jovem são- paulino salva amigo de animal feroz!'
-Mas, eu não sou são-paulino. Disse o menino.
- Me desculpe, apenas presumi que fosse, já que estamos na saída doMorumbi. Então, vou escrever: 'Bravo pequeno palmeirense evita tragédia com amigo !'
- Mas, eu também não sou palmeirense. Disse novamente o menino.
- Ok, então: 'Pequenino santista vira herói !'
- Não sou santista, moço.
- Mas, a final, pra que time você torce?
- Sou corinthiano!!!
E o repórter escreve em seu caderninho:
- Delinqüente corinthiano mata brutalmente adorável animal doméstico! –
(INTERNET)
A mensagem que pode informar alguém de alguma coisa é o resultado do envio de algo a alguém, cujo conteúdo deverá ser codificado com elementos sígnicos pelo emissor para um receptor, através de um canal. Agora, notícia, em Comunicação Social, é o tratamento ideológico dessa mensagem, dessa informação. Esse tratamento ideológico é comum nos veículos de comunicação de massa. Lá, qualquer mensagem que apareça nos noticiários dos jornais ou nos comentários analíticos, tudo, enfim, que chamamos notícia será sempre tratado ideologicamente. Logo, não devemos confundir, nessa área, INFORMAÇÃO com NOTÍCIA. Tratar ideologicamente uma informação é explicitar a principal característica da ideologia que é a ocultação da verdade ou a dissimulação dessa verdade, com inúmeros propósitos ou fins. No texto anedótico acima, caracterizado de humor como riso, a nosso juízo, pode-se perceber que o fato ideológico é a perpetuação de um estigma que acompanha a história do Esporte Clube Corinthians. Isso é conseguido através da distorção da verdade, contida na pretensa informação ou fato primitivo (a paulada do menino no cão para salvar o pobre coitado). Dissemos que se trata de um texto de humor como riso, explicitando o cômico, porque se trata, entre outras coisas, de uma crítica aos representantes da cultura comunitária, no caso, os torcedores de um dos maiores clubes de futebol do Brasil. Tentando recordar a função do riso, lembramos que a principal é a de delimitar o RIDÍCULO e assim, justificar o perigoso, preparando o seu expurgo. Logo, trata-se de uma REPRESSÃO utilizada pelos textos, quase sempre nos meios de comunicação de massa que provocam o riso, trabalhando aí com uma função chamada de METACENSURA.
ATÈ A PRÒXIMA
8 de setembro de 2008
CENTENÁRIO DA MORTE DE ARTUR AZEVEDO
5 de setembro de 2008
O Novo Acordo Ortográfico
2) O Trema
3) A Acentuação Gráfica
B) O hiato "o-o" não é mais acentuado, como antigamente era: enjôo, vôo, corôo, perdôo, côo, môo, abençôo, povôo. Essas palavras passam a ser grafadas assim: enjoo, voo, coroo, perdoo, coo, moo, abençoo, povoo.
E) Não existe mais o acento diferencial de intensidade nas palavras homógrafas
pára (verbo), péla (substantivo e verbo), pêlo (substantivo), pêra (substantivo), péra (substantivo), pólo (substantivo), como antigamente existia. Essas palavras passam a ser escritas assim: para (verbo), para (preposição); pela (substantivo e verbo), pelo (substantivo), pera (substantivo), pera (substantivo), polo (substantivo).
F) Não se acentua mais a letra "u" nas formas verbais rizotônicas (o acento tônico cai no radical), quando precedido de "g" ou "q" e antes de "e" ou "i" (gue, que, gui, qui), como antigamente era: argúi, apazigúe, averigúe, enxagúe, enxagúemos, obliqúe. Essas palavras passam a ser grafadas assim: argui, apazigue,averigue, enxague, enxaguemos, oblique.
4) O Hífen
B) O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por outra vogal, como antigamente ocorria, por exemplo em auto-afirmação, auto-ajuda, auto-aprendizagem, auto-escola, auto-estrada, auto-instrução, contra-exemplo, contra-indicação, contra-ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-expressionista, neo-imperialista, semi-aberto, semi-árido, semi-automático, semi-embriagado, semi-obscuridade, supra-ocular, ultra-elevado. Essas palavras passam a ser grafadas assim: autoafirmação, autoajuda, autoaprendizabem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, contraexemplo, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiautomático, semiárido, semiembriagado, semiobscuridade, supraocular, ultraelevado.
C) Agora utiliza-se hífen quando a palavra é formada por um prefixo (ou falso prefixo) terminado em vogal + palavra iniciada pela mesma vogal. Assim: anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, anti-imperialista, arqui-inimigo, arqui-irmandade, micro-ondas, micro-ônibus, micro-orgânico. Antigamente, essas palavras não possuiam hífen, era tudo junto.
Observação 1: esta regra foi alterada por conta da regra anterior: prefixo termina com vogal + palavra inicia com vogal diferente = não tem hífen; prefixo termina com vogal + palavra inicia com mesma vogal = com hífen.
Observações Gerais
22 de agosto de 2008
FILÓLOGO LANÇA NOVO LIVRO
8 de julho de 2008
A VIDA E O LUGAR DO AMOR NO TEMPO
Uma recensão do livro FUGIR
Por: Luiz Cesar Saraiva Feijó
O romance de Jean-Philippe Toussaint, FUGIR (FUIR), prêmio europeu Medici de 2005, foi publicado por Les Éditions de Minuit, Paris, em 2005. É uma ação passada num verão qualquer da atualidade, em três momentos, com curtos blocos distintos dentro de cada uma das três partes da obra. Isso tem um significado interessante, pois dá ao leitor a sensação de estar recebendo informações significativas a todo instante sem a angústia de esperar um desfecho, mas excitando-se sempre, pois a forma de tratar o tema é a de um vai-e-vem enunciativo que cria imagens impactantes, fortes e poéticas. O crítico Jacques-Pierre Amette já dissera, aliás na quarta-de-capa da primeira edição (Lés Éditions de Minuit,7,rue Bernard-Palissy, 75006, Paris), que “o romance apresenta um verdadeiro estilo toussaint, na forma, no rigor, na pontuação, na psicologia: tudo perfeito”.
O autor, com esse estilo vibrante, com suas frases fracionadas entre o discurso indireto e indireto-livre, predominando a justaposição e a coordenação sobre a subordinação, apresenta uma narrativa diferente, uma forma atraente e inovadora de se dizer algo, de se contar algo, de se transmitir uma informação. Inicia-se, aí, portanto, o predomínio da conotação sobre a denotação, dando ao texto um caráter literário, sem, contudo, deixar de estabelecer com a realidade um vínculo de verossimilhança. Junta-se a isso tudo um ritmo exótico, marcado por uma pontuação sui-generis. Nesse romance, Jean-Philippe Toussaint desenvolve o tema do amor, da angústia e da paixão com um texto misto de referencialidade e prosa poética, especialmente caracterizada por um impressionismo lingüístico, repleto de languidez nos sintagmas que estruturam os períodos, muitas vezes envolvido pela linguagem difusa das metáforas e hipálages, em tempos e lugares diferentes. Em muitos momentos, o enunciado se apresenta colorido com as luzes verdes e azuis das lanternas chinesas e das composições ferroviárias, com as luminárias dos vagões e dos sinalizadores da linha férrea, faiscando de sentimentos. A enunciação prepara o texto, que fala da referencialidade factual. Uma inovadora forma de se referir aos objetos envolve as personagens e, psicologicamente, prepara o leitor para ficar sempre preocupado com o desfecho da trama. O tempo do romance também contribui para isso. Esse tempo distribuído em espaços diferentes dá ao leitor a sensação de estar próximo de um texto épico, não faltando para isso o ambiente grego da ilha de Elba. Construído por formas verbais oscilantes, o romance flui entre a hipótese e a realidade, iniciando a Parte I com a onisciência da primeira pessoa, que narra, no pretérito e no presente, os acontecimentos do verão, tempo em que vive Maria, numa Paris moderna, contrastando com uma Xangai quase caricata, de onde o personagem-narrador fala com ela, por telefone celular. A chegada do narrador a Xangai, mostra-nos a realidade de uma Chima, captada mais pela sensibilidade poética do autor (sem preconceitos), do que pelas reflexões sobre a realidade oriental, sempre postas em confronto com a européia. Aliás, estão nesses casos a descrição das estações chinesas de trem, hotéis, bares, mercado e comércio do entorno das grandes avenidas de Xangai, numa narrativa de sugestões e impressões, tudo impregnado por uma antítese penumbrista, tudo tão luminoso quanto opaco, levando-nos ao suspense, que é outra forma utilizada, para prender a atenção do leitor. Mas a sensibilidade do autor também capta a deterioração das partes da cidade menos favorecidas, numa linguagem característica do mais significativo estilo realista (“para entrarmos num velho edifício de tijolo aparente, onde, numa penumbra macilenta, vagueavam cheiros peçonhentos de couve rançosa e de mijo”). A minúcia e o detalhismo também são comuns e aparecem, principalmente, nas Partes I e II, em inúmeras passagens exemplificativas. Parece, ainda, que o suspense, como se observa no início da Parte I (“o meu passaporte vendo-o passar de mão em mão temendo vê-lo subitamente desaparecer como num conto do vigário entre as mãos de um dos inúmeros funcionários atarefados por detrás do balcão”), se alimenta de uma série de descrições minuciosas de figuras humanas e de ambientes, onde a luminiscência continua a impressionar o autor e as cores dos neóns chamam, amiúde, sua atenção para manter o leitor na linha do encontro da solução do emaranhado construído pela enunciação.
Na composição da textura da linguagem de Jean-Philippe Toussaint , observa-se a utilização de um estilo elíptico, caracterizado por cancelamentos sintáticos, o que imprime rapidez na leitura, ao mesmo tempo que proporciona reflexão, pois o leitor não acostumado a essa técnica de escrituração, medita instintivamente sobre os acontecimentos para se dar conta do que lhe é narrado. Esse estilo e o discurso indireto livre são, como já dissemos, mais uma criação estilística da forma toussaintliana de narrar. (“A confusão era completa (começava a me sentir mal). Maria?” ).
No menor bloco do romance, localizado na Parte I do romance, autor como narrador, traz o suspense à cena, pois o que importa é saber o que vai acontecer com Maria ou com o relacionamento dele com ela. Depois, não há mais nenhum pequeno bloco com esse objetivo.
Uma outra técnica narrativa é a modo de afirmar, interrogando, como que num diálogo com o leitor. O narrador, pergunta ao leitor alguma coisa e diz o que o leitor precisa saber para entender a seqüência dos acontecimentos, sem nenhum diálogo com qualquer outra personagem: (“...não tinha nada de particular para fazer em Xangai. Não é verdade?”).
O romance FUGIR, de Jean-Philippe, em suas três partes, apresenta bem focadamente, em cada uma delas, respectivamente, a precipitação do erotismo, a fuga explícita e a explosão do amor no mar. O erotismo surge de forma pretendida, camuflada algumas vezes, outras mais acentuada, mas nunca explicitamente acontecida, sempre em lugares e tempo diversos. O erotismo está diluído na forma mais simples de um terno sentimento de desejo: “e percebi que alguma coisa de terno estava nascendo”. Ou, ainda, em: “aproximei-me dela e desajeitadamente no meio da multidão dei-lhe um beijo, com uma timidez confusa, que me perturbou e por causa disso nossos olhares se cruzaram um instante e os nossos lábios não tão por acaso se roçaram”. Mas esse desejo vai crescendo até tomar outros caminhos, numa linguagem que sustenta muitas emoções, até ser interrompido pela presença de Maria, contraponto direto e significante, impeditivo da plena consumação amorosa entre o narrador e Li Qi, porque ela, Maria, é o ponto de partida e a chegada dessa fuga proposta por Toussaint.
O suspense é anterior ao erotismo. Prepara o prazer, pois causa a ansiedade que precipita a expectativa do relacionamento carnal. Contudo, se esse preparo existe, o desfecho da relação sexual se interrompe, justamente pelos acontecimentos misteriosos e paira sobre a ação uma sensação de que, a qualquer momento, uma tragédia se abaterá sobre os dois envolvidos no jogo de amor, num vagão do trem, por exemplo, onde “uma das portas de passagem entre os vagões tinha sido partida, há pouco sem dúvida, estilhaços de vidro cobriam o chão do corredor e vestígios de sangue seco estrelavam a parede, uma mancha maior, central, e milhares de gotinhas secas à volta, minúsculas, mineralizadas, duma cor vermelho acastanhada”.
A fuga na moto indiabrada que se movimenta pelas ruas fervilhantes e perigosas de Pequim, na Parte II do romance, antecedida por um preâmbulo de minuciosas descrições de locais e situações, prende o leitor e desencadeia enorme tensão. É um momento muito significativo, onde a fuga se consubstancia denotativamente. Esse momento significativo do romance se precipitará, na terceira e última Parte, a explosão do amor no mar, formando um bloco de significações distintas, dando ao texto de Toussaint uma linguagem especial, isto é, uma relevância significativa na literatura da modernidade européia. Nessa terceira e última parte do romance o autor envolve o texto poético num suspense amargurante, sem dar pistas do desenlace, deixando-nos uma dúvida angustiosa, sempre entre um final feliz ou uma tragédia no mar. A opção vem em favor do amor e da vida... “et Marie pleurait dans mes bras, dans mes baisers, elle pleurait dans la mer”... e Maria chorava nos meus braços, nos meus beijos, chorava no mar.
Portanto, nesse livro, a vida como tragédia, sempre por acontecer, quer no toque de um celular, quer nas braçadas de Maria, ao entardecer, desaparecendo por trás das rochas, nadando no mar, traz uma reflexão sobre a vida e o lugar do amor no tempo. Estilo e formas especiais da narrativa que Jean-Philippe Toussaint nos mostra nesse romance publicado agora, em junho de 2008, pela Bertrand-Brasil, tradução de Joaquim Pinto da Silva.
Arquivo do blog
Quem sou eu
- Professor Feijó
- Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
- Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.